Altos e Baixos - Crítica - Game of Thrones 5º temporada [CONTÉM SPOILERS]
Foi-se a quinta temporada de Game of Thrones, e como muitos
leitores dos livros temiam a série chegou ao mesmo tempo dos livros e algumas
mudanças tiveram que ser realizadas. Quando
os produtores David Benioff e D.B. Weiss, que em entrevistas antes da estreia
falavam que teriam que ultrapassar algumas coisas do quinto livro, Dança dos
Dragões, e como manter a qualidade de George R.R. Martin? Bem os caras acertaram
em muitas coisas, mas teve outras que ficou aquele gostinho de “poderia ser
melhor”.
Um bom exemplo desse gostinho são Os Imaculados. A série
sempre vendeu a ideia de eles serem guerreiros bem treinados desde crianças,
mas nessa temporada os Filhos da Harpia fazem a lenha com eles. E os Filhos
eles quando viam era como arrastão na praia do Rio de Janeiro no verão. Era correndo
e matando tudo pela frente. Diferente dos livros, onde eles atuavam mais à
surdina, salvo alguns momentos em que encontravam corpos pelos becos da cidade.
Acho que se aconteceu duas vezes foi muito. Aliás, o núcleo da Daenerys (Emilia
Clarke) na cidade de Meereen esteve um barril de pólvora e de pavio curto esse
ano. Daenerys viu-se obrigada a reabrir as arenas para tentar acalmar seu povo.
O fato triste, e diferente dos livros, foi a morte de Sor Barristan (Ian
McElhinny), e o fato interessante foi a chegada de Tyrion (Peter Dinklage) na cidade
por meio de Sor Jorah Mormont (Iain Glen), que pensando que entregando um
Lannister ia conseguir o perdão da Mãe dos Dragões. Algo que parece que só veio
depois de Jorah ter a salvo de um Filho da Harpia durante sua apresentação na
arena. A arena foi um caso a parte, quando o bonde do mal da Harpia partiu para
cima Daenerys, Drogon veio com força para ajudar, e mostrou que ela ainda tem
algum comendo sobre o dragão. Mesmo que isso seja diferente do que nos livros
também. Apesar dos efeitos especiais dessa cena não terem sido lá essas coisas,
ela funcionou muito bem. E o que dá a entender é que para a próxima temporada,
Tyrion vai assumir o papel de Barristan, em comandar a cidade que é uma loucura
total. O personagem ficou meio que deixado de lado esse ano, indo para lá e
para cá, tendo a cena em que ele vê Drogon voando por cima dele pela primeira vez como um dos pontos altos. O rosto que Dinklage faz como quem olha mas não acredita é demais. Mas ao que parece foi proposital o lance dele meio que ficar de segundo plano, para entregar algo melhor para ele. Algo como o comando da cidade. Pois
de política o anão sabe muito bem.
Falando sobre política, e não tem como não falar, pois é o
grande forte de toda série, seja nos livros seja na TV, Mindinho (Aidan
Gillen), que para mim é um dos melhores personagens da série, continua sendo o
único vitorioso no seu xadrez longo e persuasivo. As tramas do Lorde de Baelish
são fantásticas, e é incrível como todos os movimentos dele são para favorecer
somente ele. Aliado da sua lábia e de um charme de conquistar a confiança das
pessoas, ele segue seu plano. Plano que parece que começou desde a primeira
temporada. Em uma viajem muito louca da minha cabeça, torço para que ele sente
no Trono de Ferro.
Em uma das armações, ou jogadas de Mindinho, ele consegue
jogar Sansa (Sophie Turner) no covil dos Boltons. E a pobre menina, que desde
quando começou a série só toma na cabeça ainda casa com Ramsay (Iwan Rheon em
uma bela atuação) onde ocorre a cena do estupro, que foi maior disse me disse
entre os fãs nas redes sociais. A cena para mim foi normal, e bem feita, o fato
dele castigar o Theon/Fedor (Alfie Owen-Allen) obrigando ver o ato foi
impactante. E se esperava que tanto Theon e a Sansa virassem a chave depois
disso. Mas demorou em acontecer. Eles ainda passaram maus bocados até chegarem ao
clímax do episódio final e tomarem alguma atitude. Por isso eu digo, a cena foi
bacana, bem feita, o que mais tem em todas as temporadas de GOT são estupros,
mas ela não fez surtir efeito nos principais personagens envolvidos. Ou seja,
olhando por esse ponto de vista, realmente ela foi desnecessária.
O núcleo de Stannis Baratheon (Stephen Dillane) também deu o
que falar nas redes sociais. O fato de para tentar vencer a guerra ter
sacrificado sua própria filha Shirren (Kerry Ingram) para o Deus Vermelho de
Melisandre (Carice van Houten), é algo que também foi diferente dos livros. O
mais bacana no núcleo dos Baratheon foi ver como tudo começou a ruir. Parte do
exercito desertando, a tragédia com sua esposa, o sacrifício com sua filha,
Melisandre o abandonando. Mas mesmo assim, ele partiu para cima de Winterfell,
sem medo, como era de se esperar dele. O encontro com Brienne de Tarth (Gwendoline
Christie) foi algo esperado por muitos, e acabou tão rápido e misterioso.
Abrindo uma possibilidade para a sexta temporada. A própria Brienne foi meio
que deixada de lado esse ano também, mas já é da série quando um personagem é
pouco aproveitado um ano, ele se torna peça importante no ano seguinte. Vamos
esperar para ver. A personagem merece.
Como quem merece toda a felicidade é Sam (John
Bradley-West), esse ano ele teve sua primeira noite de amor com Gilly (Hanna
Murray). E merece viver como ele quer. Tranquilo. Em paz. Algo que ele nunca
encontraria na Muralha e todo seu clima tenso e pesado. Nessa parte dos Sete
Reinos, acompanhando o Lorde Comandante Jon Snow (Kit Harington) vimos o
Bastardo indo até os Selvagens, tentando uma aliança, e acompanhamos o grande
momento do ano da série. Os Outros. O
Inverno finalmente está chegando. Em uma sequência incrível de batalha, com os
efeitos muito bem elaborados, vimos que o exercito dos mortos estão prontos e a
caminho. E é bem numeroso. A cena em que o Rei dos White Walkers abre os braços
é de arrepiar como em uma manhã de inverno. Esse com certeza são um dos pontos
de mais expectativa para a sexta temporada. Claro que sem esquecer sobre o que
aconteceu com Jon Snow ao ser “assassinado” por membros da patrulha. Mas cá
entre nós, será que foi mesmo? A cena foi importante, mas faltou um pouco mais
de, digamos sentimento, faltou um pouco de um quê de tragédia.
Com um tanto de tragédia também foi à participação de Ayra
(Maisie Williams), ela sofreu um bocado em Bravos. E foi de altos e baixos esse
núcleo. Acho que a Casa do Preto e Branco te que ter seus mistérios. Mas o
problema é que tem mistérios demais! Falou, falou, falou e no final não se
explicou nada. Apesar de terem nos dado uma orientação sobre os Homens Sem
Rosto e o Deus de Muitas Faces. Mas o ponto alto foi o crescimento da
personagem. Ela foi levando o aprendizado com mais afinco e conseguiu até matar
o primeiro nome da sua lista de vingança. Cena muito bem elaborada e marcante.
E o que ela recebeu por matar uma pessoa cuja vida não lhe pertencia é o que
eleva e muito a expectativa para a próxima temporada também.
O que foi bem abaixo do esperado foi Dorne, que as vezes
dava sono, e me lembrava Dorme. A falta de personagens que são significativos
nos livros, e o uso tão simplório das Serpentes da Areia deixaram a desejar.
Pareciam três marionetes nas mãos de Ellaria (Indira Varma). Ficou a reduzido a
uma trama de vingança boba, meio que pirraça de criança. A luta de Jaime
Lannister (Nikolaj Coaster-Waldau) e o Bronn (Jerome Flynn) foi totalmente sem
sal. O que salvou mesmo foi a beleza como foi retratado o reino e das Serpentes
da Areia. Principalmente da Tyene Send (Rosabell Laurenti Sellers) que foi
jogada ao posto de nova musa da série. E eu apoio! No mais foi triste ver como
o Jaime que foi um dos grandes personagens em outros anos, ficou para escanteio
esse ano. Quase a mesma coisa de Bronn. Mas esse se salvava pelo seu sarcasmo.
Mas a cena final em Dorne também criou expectativas para a próxima temporada, com
o envenenamento e morte de Myrcelle (Nell Tiger Free), depois de ela falar que
sabia que Jaime era seu pai e o adorava. Morte essa que nos remete para o
inicio, onde uma vidente fala com Cersei sobre que seus filhos morreriam antes
dela. Contem comigo Joffrey, Myrcella e só falta Tommen.
E Cersei (Lena Headey) comeu o pão que o diabo amassou essa
temporada. E era um pão dormido e mofado. Toda aquela glória, poder, arrogância
que fizeram nós detesta e torcer contra a personagem. Foi por ralo abaixo graças
ao Alto Pardal. A armação que ela faz para a Família Tyrrel acabou que virou
contra ela mesma. E a cena (é que cena) da caminhada da vergonha foi demais.
Também um dos pontos altos da série. E na boa, deu até para sentir certa pena
dela. Um dublê de corpo foi usado, mas a expressão de Headey deu para a Cersei,
também a levou para outro patamar de atuação na série. Os pés ensanguentados, o
cabelo cortado na navalha, e no começo da caminhada ela seguia com o rosto
riste. Sem tentar se envergonhar e mostrar a tradicional arrogância dos
Lannister foi desmoronando a cada passo e insulto da multidão. A caminhada
resume bem o status da personagem durante a temporada. Uma mulher forte,
manipuladora, que cai durante ao decorrer dos episódios. Ponto altíssimo e
esperado da série.
Game of Thrones na sua quinta temporada pareceu mais um
preparatório para a sexta temporada, com vários ganchos e expectativas para
personagens importantes e para personagens secundários. Ela não foi uma temporada fraca, mas demorou
para engrenar do jeito que os leitores e os que só assistem pela TV gostam. Mas
não se pode dizer que é uma temporada ruim. Gangorra define bem a temporada. E
o que ela nos mostrou, nos preparou para a próxima temporada é o que vale.
Ricardo Ramos
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